Diversidade: como lidar com as diferenças em sala de aula
A personagem principal da escola era o professor. Nele estava todo o conhecimento e os alunos eram apenas receptáculos sem identidade, devidamente uniformizados e avaliados de forma a atingir um conhecimento cuja tradução numérica inferior a sete sentenciava à recuperação ou mais drasticamente à reprovação.
Antigamente havia escola de moças, escola de rapazes onde nem mesmo a diferença de gênero era trabalhada. Em alguns países havia as escolas de brancos e as dos negros, a escola dos ricos e a dos pobres, dos católicos e dos protestantes, dos deficientes e dos superdotados.
A preferência era que os iguais se tornassem mais iguais e alguns eram mais iguais que outros no que tange aos benefícios sociais. Hoje compreendemos que todos somos diferentes e que essa diferença é nossa maior riqueza enquanto seres humanos.
No conceito de diversidade é importante ressaltar que o ponto comum entre os indivíduos é justamente a diferença que há entre eles. Hoje a personagem principal é a tecnologia. É possível aprender a tocar um instrumento, a cozinhar, a soldar, a decorar, a fazer qualquer coisa pelo computador.
Na sociedade atual, por conta da globalização estamos convivendo com pessoas de culturas diferentes e temos acesso a línguas diferentes, vestimentas diferentes, crenças diferentes, tudo diferente. Assim abriu-se na escola um espaço para a diversidade. E estamos em um momento que devemos repensar a identidade da instituição escola. Um espaço onde diferentes etnias, níveis sociais, religiões, línguas e culturas têm de conviver juntas. A escola passa de espaço exclusivo a espaço de inclusão.
Estamos todos reaprendendo a fazer. Não é fácil, pois não há receita. A escola deixou de ser um espaço modelo de limpeza, cuidado, ordem e convivência alegre. Na escola brasileira atual convivemos com a ausência de autoridade. Falta de respeito ao professor, ao aluno e ao patrimônio.
A diversidade exige uma pedagogia diferenciada, onde o aluno é ativo, troca experiências com todos, é flexível e aprende a correr riscos. Nessa pedagogia cabe ao professor transformar a sala em um espaço seguro, onde o aluno se sinta confiante em se expressar, em dar sua opinião, em compartilhar sua história, sem medo de errar.
Se transformarmos a sala de aula, transformamos a escola. Na sala de aula da escola que trata a diversidade deve haver materiais disponíveis para pesquisa, e principalmente regras claras, criadas de comum acordo para se evitar problemas de convivência e relacionamento.
Hoje se fala da diversidade como um problema, mas ela sempre existiu.
São subsídios para lidar com a diversidade:
- Ancestralidade – saber de onde viemos para traçar o caminho para onde vamos;
- Representatividade – Contar histórias de diferentes etnias para que todos se sintam representados;
- Inclusão – desafio de mão dupla para os alunos e a escola;
- Arte – como instrumento de expressão dessa diversidade;
- Tolerância- com o que discordamos;
- Buscar o conhecimento para utiliza-lo como antídoto contra o preconceito e o bullying.
A diversidade pressupõe civilidade, pois sem civilidade não se pode trocar, não se pode criar e não se pode aprender de verdade sem ferir, sem machucar e sem entristecer. A felicidade em conviver e aprender é a única razão pela qual a escola deva existir. Para que nossos jovens tenham um espaço onde as relações sejam verdadeiras e não via internet.
Nas redes sociais perde-se o “time de resposta natural”. As pessoas têm tempo para deixarem de agir como elas mesmas. Na escola da diversidade abre-se o espaço para a disciplina da ética ou para um momento de conversa onde o que conta são as relações e a comunicação.
Na história da igualdade excluímos os diferentes, e guerreamos com quem pensa ou vive de outra forma que não a nossa. Na igualdade vemos o outro sem importância, pois há muitos de nós. Na escola que trata a diversidade, enxergamos que somos únicos e portanto insubstituíveis.